As 88 Constelações Oficiais: Uma Visão Geral Completa

Desde os primórdios da civilização, o ser humano olha para o céu em busca de orientação, inspiração e respostas. As estrelas sempre exerceram um fascínio sobre diferentes culturas, que passaram a agrupá-las em desenhos imaginários, criando histórias, mitos e, mais tarde, sistemas de orientação.

Ao longo da história, as constelações desempenharam um papel fundamental, não apenas na mitologia e na cultura, mas também na navegação, na agricultura e no desenvolvimento da astronomia. Elas ajudaram povos antigos a cruzar oceanos, marcar as estações do ano e explorar o desconhecido.

Hoje, o estudo das constelações continua sendo essencial para a astronomia moderna. Elas servem como um mapa celeste, facilitando a localização de estrelas, planetas, galáxias e outros objetos no vasto universo.

Neste artigo, você terá uma visão geral completa das 88 constelações oficiais reconhecidas pela União Astronômica Internacional (UAI). Vamos explorar sua origem, significado e como elas continuam a ser uma ferramenta indispensável tanto para astrônomos quanto para apaixonados pelo céu noturno.

Como Surgiram as 88 Constelações Oficiais?

Durante milhares de anos, diferentes civilizações criaram suas próprias representações do céu, agrupando estrelas em padrões que refletiam mitos, animais, heróis e objetos do seu cotidiano. Povos como os gregos, romanos, chineses, árabes, polinésios e indígenas desenvolveram sistemas únicos de constelações, cada qual com significados culturais específicos.

No entanto, com o avanço da ciência e da astronomia moderna, tornou-se necessário padronizar esses agrupamentos estelares para facilitar a comunicação e o desenvolvimento de pesquisas astronômicas em nível global.

Foi então que, em 1922, durante uma assembleia em Roma, a recém-criada União Astronômica Internacional (UAI), órgão responsável por padronizar nomes e definições na astronomia, deu o primeiro passo rumo à organização oficial do céu. Naquele encontro, foram reconhecidas 88 constelações, muitas delas baseadas no legado da astronomia greco-romana, complementadas por constelações do hemisfério sul, que começaram a ser mapeadas com as grandes navegações.

A padronização final aconteceu em 1930, quando o astrônomo belga Eugène Delporte definiu os limites precisos de cada constelação no céu, utilizando coordenadas de ascensão reta e declinação, formando verdadeiras “fronteiras” celestes.

Desde então, essas 88 constelações oficiais são utilizadas pela comunidade científica mundial para mapear o céu, localizar corpos celestes e orientar pesquisas astronômicas, servindo também como referência para observadores amadores.

Classificação das Constelações

As 88 constelações oficiais podem ser classificadas de diferentes formas, levando em conta tanto sua localização no céu quanto seus tipos ou funções astronômicas. Isso ajuda observadores e astrônomos a entenderem melhor onde e quando cada constelação pode ser vista.

Por Hemisfério

A distribuição das constelações depende do local de observação na Terra:

  • Constelações do Hemisfério Norte:
    São visíveis principalmente para quem está acima da linha do equador. Algumas das mais conhecidas incluem:
  • Ursa Maior – famosa pela “Panela” e por ajudar a localizar a Estrela Polar.
  • Cassiopeia – fácil de reconhecer por seu formato em “W”.
  • Cefeu, Draco, Lira, Hércules, Cisne, entre outras.
  • Constelações do Hemisfério Sul:
    Visíveis para quem vive abaixo da linha do equador. Destacam-se:
  • Cruzeiro do Sul – símbolo importante para a navegação no sul.
  • Centauro, Carina, Vela, Pavo, Tucana, entre outras.
    Essas constelações começaram a ser oficialmente registradas a partir da Era das Grandes Navegações, quando os exploradores europeus passaram a mapear o céu austral.

Por Tipo

Além da divisão geográfica, as constelações também podem ser classificadas conforme sua posição em relação à trajetória do Sol e outros critérios astronômicos:

  • Constelações Zodiacais:
    São aquelas cortadas pela eclíptica, o caminho aparente que o Sol percorre ao longo do ano. São 12, associadas aos signos do zodíaco:
    Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes.
  • Constelações Boreais:
    São as que ficam no Hemisfério Celeste Norte, visíveis preferencialmente no Hemisfério Norte terrestre. Exemplo: Ursa Maior, Cassiopeia, Lira, Cefeu.
  • Constelações Austrais:
    Localizadas no Hemisfério Celeste Sul, mais visíveis no Hemisfério Sul da Terra. Exemplo: Cruzeiro do Sul, Centauro, Carina, Vela.

Essa organização facilita tanto o ensino quanto a observação astronômica, permitindo que observadores saibam quais constelações procurar dependendo da sua localização e da época do ano.

Destaques Entre as 88 Constelações

Entre as 88 constelações oficiais reconhecidas pela União Astronômica Internacional (UAI), algumas se destacam por sua facilidade de observação, importância histórica, beleza ou pela presença de estrelas e objetos celestes notáveis. A seguir, conheça algumas das mais famosas:

Órion – O Caçador

  • Hemisfério: Visível nos dois hemisférios, principalmente no verão do Hemisfério Sul e no inverno do Hemisfério Norte.
  • Destaques:
    • As famosas “Três Marias” (Mintaka, Alnilam e Alnitak) que formam o cinturão de Órion.
    • Betelgeuse, uma supergigante vermelha, e Rigel, uma das estrelas mais brilhantes do céu.
    • A espetacular Nebulosa de Órion (M42), berçário estelar visível a olho nu em céus escuros.

Ursa Maior – A Grande Ursa

  • Hemisfério: Norte.
  • Destaques:
    • O famoso asterismo conhecido como “A Panela” ou “O Grande Carro”, formado por sete estrelas brilhantes.
    • Usada historicamente para encontrar a Estrela Polar (Polaris), seguindo a linha das duas estrelas da borda da panela (Dubhe e Merak).

Escorpião

  • Hemisfério: Sul, mas visível também em partes do Norte durante certas épocas.
  • Destaques:
    • A estrela Antares, uma gigante vermelha que representa o coração do escorpião.
    • Uma das constelações mais fáceis de identificar, graças à sua forma curvada que lembra realmente um escorpião.

Cruzeiro do Sul – Crux

  • Hemisfério: Sul.
  • Destaques:
    • Pequena, mas extremamente reconhecível e fundamental na navegação do Hemisfério Sul.
    • Formada por quatro estrelas principais em forma de cruz: Acrux, Mimosa, Gacrux e Delta Crucis.
    • Usada para localizar o Sul geográfico no céu.

Cassiopeia

  • Hemisfério: Norte.
  • Destaques:
    • Conhecida por seu formato em “W” ou “M”, dependendo da posição no céu.
    • Facilmente visível durante boa parte do ano no Hemisfério Norte.

Centauro

  • Hemisfério: Sul.
  • Destaques:
    • Abriga Alpha Centauri, o sistema estelar mais próximo do Sistema Solar.
    • Também contém Beta Centauri, ambas muito brilhantes, e usadas para localizar o Cruzeiro do Sul.

Lista Completa das 88 Constelações Oficiais

A União Astronômica Internacional (UAI) oficializou, em 1922 e 1930, a divisão do céu em 88 constelações, cada uma com limites bem definidos. Abaixo, apresentamos uma tabela com o nome em latim e português, abreviação oficial, localização no céu (hemisfério norte, sul ou equatorial) e uma característica ou curiosidade sobre cada uma.

Nome em LatimNome em PortuguêsAbreviaçãoLocalizaçãoCuriosidade/Característica Principal
OrionÓrionOriEquatorialAbriga a Nebulosa de Órion e as Três Marias (cinturão).
Ursa MajorUrsa MaiorUMaNorteContém “A Panela” e auxilia na localização da Estrela Polar.
Ursa MinorUrsa MenorUMiNorteLar da Polaris, a Estrela do Norte.
ScorpiusEscorpiãoScoSulFamosa por Antares e sua forma de escorpião.
CruxCruzeiro do SulCruSulGuia essencial para localizar o Sul geográfico.
LeoLeãoLeoNorteRepresenta um leão; visível no outono no hemisfério sul.
CentaurusCentauroCenSulContém Alpha Centauri, estrela mais próxima da Terra.
CassiopeiaCassiopeiaCasNorteForma de “W” muito fácil de identificar.
SagittariusSagitárioSgrSulRegião central da Via Láctea, rica em nebulosas e estrelas.
Canis MajorCão MaiorCMaSulContém Sirius, a estrela mais brilhante do céu.

As constelações estão distribuídas entre os hemisférios norte, sul e a região equatorial, permitindo que diferentes partes do mundo contemplem mapas estelares únicos, dependendo da sua localização e da época do ano.

Curiosidades Sobre as Constelações

As constelações não são apenas agrupamentos de estrelas, mas também carregam séculos de histórias, mitologias e descobertas científicas. Ao longo do tempo, algumas até deixaram de existir oficialmente. Confira algumas curiosidades que tornam o estudo das constelações ainda mais fascinante.

Mitologias Associadas

  • Órion – O Caçador: Na mitologia grega, Órion era um caçador gigante e arrogante, que acabou sendo colocado no céu após sua morte, eternamente fugindo do Escorpião, sua constelação rival.
  • Ursa Maior e Ursa Menor: Ambas estão ligadas ao mito de Calisto, transformada em ursa por Hera. Zeus a colocou no céu junto com seu filho Arcas, que virou a Ursa Menor.
  • Escorpião: Segundo a lenda, foi enviado pela deusa Ártemis para matar Órion, o que explica por que nunca aparecem juntos no céu — quando um nasce, o outro se põe.
  • Cruzeiro do Sul: Para muitos povos indígenas das Américas e da Oceania, o Cruzeiro do Sul representa figuras de extrema importância espiritual e de orientação.

Curiosidades Astronômicas

  • Tamanhos e formas desiguais: Embora na astrologia os signos sejam divididos igualmente, na astronomia as constelações têm tamanhos muito diferentes. Virgem, por exemplo, é uma das maiores, enquanto Cruzeiro do Sul é bem pequena.
  • Nem sempre são estrelas próximas: As estrelas de uma mesma constelação podem estar a distâncias muito diferentes da Terra. Elas apenas parecem próximas do nosso ponto de vista.
  • Mudanças com o tempo: Devido ao movimento de precessão dos equinócios, as posições das constelações mudam muito lentamente ao longo de milhares de anos.
  • Estrelas em evolução: Algumas estrelas presentes nas constelações são gigantes vermelhas, outras estão em colapso ou até podem se tornar supernovas no futuro.

Constelações Extintas ou Alteradas

  • Constelações que desapareceram: Antes da padronização da União Astronômica Internacional (UAI) em 1922, existiam constelações hoje consideradas obsoletas. Exemplos:
    • Quadrans Muralis (O Quadrante de Muralha): Foi removida, mas curiosamente deu nome à famosa chuva de meteoros Quadrântidas.
    • Argo Navis: Uma gigantesca constelação que representava o navio de Jasão e os Argonautas. Era tão grande que foi dividida em três constelações atuais: Carina (Quilha), Puppis (Popa) e Vela (Vela).
  • Constelações culturais: Além das 88 oficiais, outras culturas possuem seus próprios mapas do céu, como os povos indígenas brasileiros, os aborígenes australianos, os chineses e os maias, cada um com interpretações únicas e profundamente ligadas ao seu modo de vida.

O céu é um reflexo não só da imensidão do universo, mas também da rica diversidade cultural e científica da humanidade. Observar as constelações é, portanto, uma viagem que conecta passado, presente e até o futuro.

Conclusão

Explorar o céu e conhecer as constelações é muito mais do que observar pontos brilhantes. É entender como, ao longo da história, diferentes civilizações mapearam o universo, desenvolveram conhecimentos de navegação, mitologias e, mais recentemente, contribuíram para os avanços da astronomia moderna.

Saber identificar as constelações nos conecta com a história da humanidade, com a ciência e também com a beleza do cosmos. Além disso, observar o céu é uma atividade que proporciona momentos de reflexão, curiosidade e encantamento — uma verdadeira jornada de descoberta.

Por isso, se inspire a olhar para o céu, aprender a reconhecer as constelações e, quem sabe, até inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo.

Se você gostou dessa visão geral completa das 88 constelações oficiais, compartilhe este artigo e comece sua jornada pelo universo!

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